O beijo é um gesto carregado
de afeto e intimidade. É cientificamente comprovado que beijar estimula nosso
cérebro a gerar oxitocina, hormônio produzido no hipotálamo, também conhecido
como hormônio do amor, que nos dá aquela ótima sensação de prazer e bem estar. Realmente
é muito bom demonstrar carinho e recebê-lo também. Mas será que o beijo sempre
nos traz essa sensação agradável???
É muito interessante
observar o modo como o beijo aparece, por exemplo, nos contos de fadas.
Em uma das histórias, a
princesa beija um sapo para torná-lo príncipe. Eecaaaaaa!!! Neste caso, o poder
transformador do beijo deixa a história cheia de romance e encantamento.
Em outra história, a
bela jovem encontra-se adormecida por causa de um feitiço. Então, eis que surge
um príncipe e a beija para despertá-la. Peraí!!! A princesa estava dormindo em
um sono profundo, não é mesmo??? Então podemos entender que ela estava
“indefesa” e recebeu um beijo na boca sem seu consentimento e de alguém que ela
não tinha vínculo/intimidade. Isso soa um pouco estranho, né??? (Tire suas
próprias conclusões!!!) Mas no conto de fadas é tudo lindoooo! A princesa
acorda de seu sono e se casa com o príncipe.
Em uma nova versão dos
contos de fadas, surge Malévola, e o beijo capaz de destruir a maldição lançada
sobre a filha do rei não era de um príncipe, mas sim da própria Malévola, que ao
longo da história conhece melhor a princesa e passa a amá-la!
Observem que o beijo tem
papel preponderante em cada um desses contextos.
Vamos um pouco mais adiante no pensamento
sobre o beijo.
É muito comum vermos e
ouvirmos as pessoas solicitarem às crianças que deem um beijo em alguém. E por
muitas vezes, elas se recusam, porém, são obrigadas a dar o beijo mesmo contra
sua vontade. Situação desagradável, não é mesmo??? Imagine você ter que beijar
alguém que você não queira?! Quando a criança se recusar a beijar alguém, não a
obrigue. Respeite o desejo de beijar apenas as pessoas com as quais ela se
sinta à vontade. Quando forçamos tal situação, a criança se sente muitas vezes
constrangida e acaba “abafando” seu senso de desconforto diante de uma situação
como essa. Vale ressaltar que a criança não deve tocar ou ser tocada quando se
sentir desconfortável, justamente para que ela nunca perca esse senso de
proteção em sua relação com outras pessoas. Carícias, tais como beijos e
abraços, jamais devem ser concedidas de forma impositiva, e sim, devem ocorrer
mediante a vontade única e exclusiva da criança!
Quando eu era criança, sempre
que ia para a escola minha mãe beijava minha bochecha e deixava a marca de
batom. Assim, eu me sentia segura, amada e não tirava aquela marca, pois ela
representava a presença da mamãe comigo em um contexto que para mim era
desafiador – a escola.
Lembro-me também, que
quando era adolescente estive em Porto Seguro e, enquanto passeava na famosa
“Passarela do Álcool”, fui surpreendida por um cara que me beijou e saiu
andando no meio da multidão! Que nojooooo e que susto!!! Não gostei daquilo e
me senti mal com tal situação!
Outra situação aversiva
com relação ao beijo foi a de uma colega que comentou sempre ver seu tio colocando
o dedo no nariz, mais precisamente, “limpando o salão”. Sua mãe a obrigava a
beijar a mão do tio para pedir benção!!! Ela disse sentir náuseas, mas obedecia
sua mãe e beijava a mão do tio. Imagine você em uma situação dessa!!!
Falar sobre o beijo
envolve tantas lembranças, experiências, concepções e sensações, não é?! A
mensagem que gostaria de enfatizar é que precisamos desenvolver a nossa
capacidade de compreender o quanto o beijo é um ato íntimo e repleto de
significado. Ele deve ser uma ação espontânea, respeitosa e consciente. Assim
como não gostamos de beijar qualquer pessoa, não obrigue uma criança a fazer
isso também. Beijar é bom quando compreendemos a dimensão afetiva que é
transmitida quando nossos lábios tocam algo ou alguém.
Por Marcília Campos (Psicóloga e Psicopedagoga)
CRP-01/19239 DF
Contato: (61) 96274634
marciliacampos@hotmail.com
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